segunda-feira, 2 de junho de 2008

Por uma ca(u)sa!!!


Uma vez escuteiro, sempre escuteiro...
Tenho acompanhado os posts (1 e 2) do Farpas e do Cingab (1) no Municipio.
Lembro-me quando em 1997 fiz o CIP (Curso ???fundamental??? para quem vai enveredar pela chefia no movimento), lembro-me de ter chegado a casa depois da primeira sessão, cheio de genica para colocar em prática tudo o que tinha aprendido, tudo o que era necessário para pedagogicamente levar a cabo o objectivo a que o Escutismo se propõe. Lembro-me do brutal painel de caminhada feito nas Termas de Alcafache, um painel onde estaria "desenhado" todo o ano escutista e que ocupava uma parede inteira por entre desenhos, datas, frases, etc... Lembro-me de ter feito um também para os caminheiros do 604... uma folha de cartolina ...inteira... porque nunca se pode afixar nada no espaço da catequese, porque aquele espaço não era nosso... porque somos um movimento DA igreja, mas parece que não.
Lembro-me de a tarefa daqueles adultos transformados em crianças durante 3 fins de semanas, era trazer coisas de casa para aprumar cada canto de patrulha. Ficaram bonitos, por entre almofadas velhas , quadros de nós, cavaletes, lenços.... Era uma boa ideia.... para quem tinha como pô-la em prática nos seus agrupamentos....
E , sinceramente, não me quero lembrar de mais nada.
Não me quero lembrar também de todos os jovens que querem viver o ideal de BP, um ideal em que acreditam e pelo qual regem, ou tentam reger, a sua vida. Não me quero lembrar de todos os menos jovens que muitas vezes, em prejuízo familiar e monetário tentam ajudá-los a atingir esse objectivo.
É fácil criticar este grito de revolta, este baixar os braços, este pedido de ajuda...
É fácil.... para quem nunca sentiu ou viveu a experiência de tentar fazer uma omeleta sem ovos. E de conseguir...
É um dado assente que em Canas se pratica do melhor escutismo que pode haver. Conheço a realidade de muitos agrupamentos na região e até no país. Já vi sedes com guitarras penduradas nas paredes a apanhar pó, compradas pela paróquia só porque apeteceu aos meninos aprender a tocar, já vi sedes no meio da cidade do Porto, onde imagino que a especulação imobiliária esteja ao rubro, mas onde ninguém toca porque são propriedade dos escuteiros, já vi agrupamentos onde o escutismo praticado se resume a ir à missa fardado todas as semanas, a ostentarem autênticas mansões com a flor de liz pintada na fachada.
O 604 não é melhor nem pior do que os outros agrupamentos existentes em Portugal, é um agrupamento chefiado por pessoas válidas. Nunca a expressão "poucos mas bons" teve tanta razão de existir. Mas custa, ou custou.... não, continua a custar, porque em breve o meu filho fará oficialmente parte daquela família. Custa porque eu ainda faço parte daquela família. Custa ver que ninguém, seja ele quem for, venha ele de onde vier, olha para os escuteiros como deve olhar, ao mesmo nível e não de cima para baixo.

Cumprimentos

Beco Escuro

3 comentários:

Farpas disse...

É um bichinho que não morre não é? Não é inveja é tristeza o sentimento que me invade quando visito as sedes dos outros agrupamentos, tristeza... Juntos seremos muitos e agora já não nos podem calar...

Beco Escuro disse...

E aposto que os pescadores continuarão em greve até que "nos" arranjem ou "nos" deixem arranjar uma sede.
Continuo a dizer que a responsabilidade é da paróquia. Não vejo as catequistas, o grupo de acólitos, etc.. a debaterem-se com tal problema.

Cumprimentos

Beco

Paula Cardoso disse...

Quero acreditar que nada é em vão. Estes mais de 25 anos sem casa,
estes mais de 25 anos a dar sem esperar nada em troca, esta família que cresce,são razões que cheguem para continuar a lutar.
Quando somos muitos a sonhar...